No âmbito do envolvimento das Rádios Comunitárias na produção de programas sobre a monitoria da Governação local, as Rádios Quelimane FM na provincia da Zambézia e Millenium FM no distrito de Morrumbene em Inhambane fizeram o balanço das suas actividades de monitoria da Governação local destacando algumas acções de mudança como resultado dos programas produzidos no período de Abril, Maio e Junho.
Como temas principais a Rádio Millenium FM abordou o impacto do Fundo do Desenvolvimento Distrital (FDD) no seio da comunidade e o nível de abrangência da rede escolar no distrito de Morrumbene.
“Dos programas que foram produzidos o que teve mais impacto foi o que tratamos do funcionamento das Unidades Sanitárias onde tivemos como convidadas a Dra. Josefina Chapo Directora da Saúde, a Médica Chefe Distrital Açucena Pene a Responsável do Sector da Saúde Materno Infantil”, disse o coordenador da Rádio, Zulficar Latifo.
Zulficar disse ainda que o programa recebeu vários telefonemas e acrescentou o seguinte: “Os ouvintes reclamaram em grande número da falta de medicamentos nas Unidades Sanitárias, das deficiências do funcionamento do Banco de Socorro, das longas distâncias percorridas para encontrar a Unidade Sanitária mais próxima, do não funcionamento das Unidades Sanitárias nas localidades nos finais de semana e do mau atendimento no Sector de Saúde Materno e Infantil, onde as parteiras tem ficado a assistir televisão ao invés de atender pacientes”. Afirmou Latifo.
Por seu turno António Zumbira, Coordenador da Rádio Quelimane FM, que leva ao ar o Programa “ATXUABO” que em português significa quelimanence,um programa que passa aos domingos, a partir das 19 horas, disse que a Rádio e os ouvintes criaram um núcleo que monitora todos os programas onde se faz a avaliação do impacto destes na sociedade.
Zumbira destacou o fraco envolvimento das mulheres na tomada de decisões e o mau atendimento hospitalar como sendo o que mais preocupa os ouvintes. “No programa, a interacção é feita por via de chamadas telefónicas e sms’s, onde mulheres reclamam e pedem ao município mais água e transporte; queixam-se de mau atendimento nos hospitais sobretudo mulheres grávidas, pois estas mulheres são obrigadas a levar um valor consigo na altura do parto”, frisou o coordenador.
A prevalência do machismo na tomada das decisões quer no âmbito social como político é uma das preocupações que segundo Zumbira, as mulheres levantam nos programas.
Como forma de monitoria, Zumbira afirma que a Rádio tem feito entrevistas aos membros de Governo ligados a área em debate para alertar sobre os problemas e procurar saber o que esta a ser feito para melhorar, mas o Governo local geralmente não responde e a situação prevalece.
De frisar que os programas sobre a monitoria de governação nas Rádios Comunitáriasvisam essencialmente fiscalizar o grau do cumprimento dos planos traçados pelo governo no que diz respeito às acções que contribuem para a melhoria da vida das comunidades. De referir que estes programas são produzidos por cerca de 10 Rádios Comunitárias com o apoio da IBIS no quadro do Acesso a Informação/AGIR.