Quatro organizações da Sociedade Civil nomeadamente, FORCOM, Fórum Mulher, HOPEM e Save the Children uniram-se nos dias 5 e 6 de Março nas instalações do Centro Cultural Franco Moçambicano (CCFM) para debater a situação da mulher em Moçambique alusivo ao dia Internacional da Mulher. No debate, as organizações referenciaram a educação e a família como os pilares de orientação das Raparigas e dos Rapazes para o equilíbrio de Género.
Mangia Simões do Fórum Mulher destacou a família como fundamental para uma educação bem sucedida das crianças. “A família tem um papel fundamental na educação das crianças e estas devem ser instruídas desde os seus zero anos e para que haja o equilíbrio de género é preciso que os mesmos instrumentos que orientam a educação do rapaz sejam usados para a educação da rapariga e vice versa”, afirmou Mangia Simões.
No encontro, a Diretora Executiva do FORCOM Benilde Nhalivilo referiu que houve avanços registados em termos de legislação e no que diz respeito à presença feminina em campos considerados masculinos, entretanto apesar desses avanços Nhalivilo afirma que ainda há muito por se fazer.
“Não podemos negar que houve avanços, a título de exemplo está a presença da mulher em campos considerados masculinos. Hoje as mulheres já podem trabalhar, estudar, participar ativamente e temos uma legislação que favorece as mulheres falo concretamente da Constituição da República, da Lei da Família e da Lei da Violência Doméstica. Mas ainda temos muitos desafios como mulheres e coloco o desafio também para os homens porque não tem como as mulheres serem emancipadas se os homens não participarem e compreenderem o que é a emancipação das Mulheres”, disse a Directora Executiva do FORCOM.
Nhalivilo acrescentou ainda que existem desafios a nível da cultura e sublinha que nenhuma cultura deve estar acima dos direitos Humanos. “É importante reconhecermos que os povos e famílias têm culturas e tradições diferentes, mas, tem que estar claro que nenhuma cultura deve estar acima dos direitos humanos, a partir do memento que ésta desobedece aos direitos humanos, se é cultura tem que deixar de ser porque a cultura não é estática. Não vamos defender por exemplo que um individuo tem que desvirginar as suas filhas porque é cultura”, frisou Indignada.
Para a Coordenadora do secretariado internacional da marcha mundial das mulheres Graça Samo o dia internacional da mulher, está a ser comemorado numa época em que o país atravessa uma fase crítica “O nosso pais está numa fase bastante crítica, estamos num contexto de insegurança para os cidadãos, contexto de medo e de total desconfiança em relação ao amanhã. As mulheres continuam numa condição pouco insegura principalmente numa época em que a paz e segurança estão ameaçadas. Estamos a comemorar este 8 de Março numa situação de total desproteção para as mulheres, pois, acabamos de passar por uma fase de cheias que afetaram todo o Pais”, disse Graça Samo.
Refira-se que o dia internacional da mulher foi instituído pelos países ocidentais no contexto das lutas femininas por melhores condições de vida. Em Moçambique a historia e luta da mulher em torno da igualdade de direitos e de uma sociedade mais justa para todos ainda constitui um desafio desmedido devido a questões de educação.

06Abr